sexta-feira, abril 28, 2006

contra a agressividade

Lembrei-me recentemente de um episódio do startrek (série jean-luc picard) onde aparecia um alienígena omnipresente que, judiciosamente, se entretinha a observar as diferentes raças espaciais à luz de um código de conduta. Defendia aquela entidade (obviamente antropomorfa, como se querem os extraterrestres inteligentes) que a sociedade humana só sabia estar com violência.
Desde os primórdios da existência que a raça humana se entretinha a destruir-se mutuamente e isso foi convenientemente arquivado pela entidade como uma questão profundamente negativa. No seu entender, a solução para os problemas de agressividade permanente era só uma e, como juiz, juri e carrasco que se preze, comunicou à tripulação da ss entrerprise que seriam apagados da existência. A tripulação empeçou então a defender-se com exemplos de inteligência, os bons sentimentos e acções, etc. etc. etc..
A certa altura, o extraterrestre apresentou-se com os trajes militares do século XVII, século XIX, século XX (WWII) e como as grandes guerras haviam cessado, passou-se ao clima de guerra civil, em que os polícias eram os soldados. Como a volência era tal, naquele passado (nosso futuro?) a força era viciada em cocaína e só assim poderia ter motivação/dependência para combater o crime.
Não se espante o leitor com a ideia de os polícias se poderem viciar com algo, porque eles já o são. E é com o trabalho. E isto não é nenhum exercício de controlo de agressividade.
No dia em que me lembrei deste episódio, assisti pela primeira vez ao jingle que a sic está a passar sobre o mundial 2006, da sua exclusiva reposição. O videoclip apresenta uma série de portugueses a cantar e a dançar ao som karaoke da música mais foleira alguma vez composta para mundiais (logo a seguir do allez allez do ricky martin). É possível admirar o sorriso franco da senhora cozinheira, da senhora enfermeira, do senhor bombeiro, do senhor anónimo que passa na rua e do senhor polícia. Ora enquanto toda a gente canta e meneia a cabeça, o senhor polícia canta, meneia a cabeça e risca num caderninho enquanto olha para o lado.
Ainda dizem que existe muita agressividade. Enquanto apoia a equipa de todos nós, a polícia ainda tem tempo para aviar uma multa. Nunca será precisa cocaína para estes bravos.
Croius

segunda-feira, abril 03, 2006

Clap Your Hands Say Yeah

Um dos sinais da ruptura da moralidade dos tempos actuais está bem patente na promiscuidade com que se encara a sexualidade. Tomemos este exemplo. No outro dia desloquei-me a uma discoteca da nossa praça, só porque os bares fecham às duas. Pedi no bar o habitual, vodka-porto, nunca gostei muito de italianos. Vinte e dois segundos depois já duas adolescentes pintadas como o Grito do Munch estavam encostadas a mim, bêbadas como pipas. Disse-me uma com voz arrastada: Dás-nos boleia para casa, antes que algum indivíduo de má índole nos trate mal?
Acedi. Sempre tive jeito para escoltar vacas à sala de abate. Viviam na periferia e lá as deixei, depois de me terem vomitado catorze vezes no carro. Insistiram muito para que entrasse para mais um copo e mais não sei o quê, mas já tinha bebido o suficiente e já me falta a paciência para jogos às quatro da madrugada.
Só depois de ter passado toda a manhã de domingo a lavar os estofos do carro é que me dei conta do perigo que as raparigas corriam. Imaginem que outra pessoa lhes dava boleia, alguém sem escrúpulos que se aproveitava da sua inocência ébria e as maltratava, digamos, sexualmente. É que uma vez na casa delas eu poderia fazer TUDO o que eu quisesse, e não seria certamente jogar monopólio se eu fosse um predador sexual.
Foi aí que me lembrei da campanha desenvolvida em Inglaterra para dissuadir os meninos de abusarem de meninas que não conseguem dizer que não a uma queca ao sábado à noite por estarem positivamente alcoolizadas. A campanha tem um slogan parecido com se não te disserem um SIM, poderás ter de dormir com este na próxima vez e aparece a fotografia de um senhor com ar amistoso deitado num beliche de uma cela de prisão, ou por outras palavras, copular com a menina sem ela tiver manifestado o acordo prévio partilhas o chilindró com um biltre.
Tudo muito certo, mas como é que um indivíduo consegue provar que a menina deu o aval ao acto? Porque quando uma mulher diz sim significa não e vice versa. A forma segura de não ter problemas póstumos coitais poderá passar por uma declaração escrita, de preferência reconhecida por um notário. E como é que se arranja um notário às cinco da manhã?
Os Estados modernos (entre os quais se conta a nossa portentosa nação) possuem notariado privado. Com esta campanha será possível observar na rica fauna nocturna que fronteia as discotecas a barraca do notário, bem ao lado da barraca dos cachorros. Neste sistema perfeito, basta aos jovens de moralidade promíscua andarem atentos e esperar que alguma menina bata palmas e diga sim.