sexta-feira, dezembro 19, 2008

Um soneto para dois sapatos

Dois Sapatos

E vai um, e vão dois, zás, pás, acto
de tenaz, valente ironia,
duplo tiro, de sapataria
ataque em-Bush, gato-sapato.

Final de ano, de política,
destruição de massa captada
a arma química, descalçada
em canhão de bota balística.

Um, dois, terceiro não arremessou,
não sem vontade, só por defeito,
O persa em duas pernas chegou

Com a raiva a bater no peito.
E em aquele instante provou
Ser como os outros homens feito.

Croius

segunda-feira, novembro 03, 2008

A Idade Traz Sabedorias

Quando era novo não experimentei drogas por cobardia.
Agora, não as experimento por estupidez.

domingo, abril 27, 2008

Tio Manuel

Tio Manuel: banda com nome português com boas canções, em espanhol. Nada mau... para franceses.

terça-feira, abril 01, 2008

Tempos Modernos

Os recentes acontecimentos mostram-nos como a História Nacional e os seus mais virtuosos personagens ainda nos fornecem preciosas lições e ensinamentos.

Certa dia, um jovem , vivendo com a mãe, neurótica de linhagem, filha, herdeira e viúva de magnates, fragilizada pela viuvez e à mercê de um oportunista que a orbitava como mosca rodeia gado, fartou-se da situação de conflito continuado com os desmandos da progenitora e das aproximações melífluas do odiado futuro padrasto e saiu de casa. O rapaz, abalado pelo abandono do lar paternal, resolveu então fundar o seu próprio país.

Vai fazendo falta noutras latitudes um herói como este nosso antepassado, cujo nome ainda hoje rivaliza nos assentos baptismais com os populares Dinis e Sancho, Afonso de epíteto, gigante de metro e oitenta, primeiro da linha e da dinastia, empunhando uma espada que o mito arengou pesar duas arrobas (na realidade eram três arrobas, isto é, quarenta e cinco sacas de arroz cigala); vai fazendo falta onde as independências vão despontando noutros sítios do planeta. No Tibete e no Kosovo não existe tal juventude rebelde.

Já no separatismo All-garvio e MAD-eirense parece que não vai havendo muita vontade de abandonar o lar paterno...


(um grande abraço ao J. Brito)

domingo, março 23, 2008

Vitória

Parece-me que a grande conquista do Benfica na presente época de 2007-2008 do Campeonato Português de Futebol será a derrota do Sporting na final da Carlsberg Cup frente ao Vitória de Setúbal. Há muito que não via tantos sorrisos comprometidos...

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

O Melhor Anúncio Radiofónico de Sempre...

Começa assim o melhor anúncio radiofónico de sempre: "Olá, eu sou o Jorge e dizem que eu sou inteligente e sensato. Mas nem sempre fui assim, até que mudei de shampô (...)".

... e a partir daí fiquei sem caspa, essa substância que impedia a transmissão rápida de informação pelas sinápses do meu cérebro, tornando-me estúpido e insensato. Tão estúpido como o tipo que escreveu este texto e insensato como o tipo que o comprou, ao ponto de o dar a ouvir na rádio perante meio milhão de pessoas.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Nota-se...

Nota-se que estás a ficar velho quando te inscreves para praticar um desporto e gastas mais dinheiro em anti-inflamatórios do que em material desportivo.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

surpresa, surpresa

Os meninos cresceram a ouvir às avós beatas que os comunistas comiam criancinhas ao pequeno almoço. Quando anunciaram o futuro ingresso no seminário, enchendo de orgulho as velhas beatas, não contavam certamente descobrir, como descobriram certo dia ao pequeno almoço, que todos os padres da congregação eram comunistas.

domingo, janeiro 06, 2008

A Peça

Fui com o carro à oficina, para mudar filtros e "os fluídos", a designação que agora preenche a linha da factura onde antes se podia ler "mudar o óleo". É que "mudar o óleo" tem hoje outros significados... e os cinco algarismos seguidos do sinal do euro no enfiamento da linha "mão-de-obra" são semelhantes aos que se podem ver muitas vezes nas facturas dos hospitais a seguir à linha "honorários do anestesista, do cirurgião e das enfermeiras instrumentistas".
Mecânico
Pronto, amigo
(Sim, eu tenho um mecânico que é meu amigo, apesar da contradição e de ele me tratar por você)

Eu

E o carro precisa de mais alguma coisa?

Mecânico
Agora só tem de voltar cá daqui a dez mil quilómetros.
(E esta forma de eles medirem o tempo, em quilómetros, Diz-me as horas, por favor, Concerteza, são seis mil setecentos e trinta e quatro quilómetros e duzentos metros, ou Faltam três mil duzentos e sessenta e cinco quilómetros e oitocentos metros para os dez mil)
- O carro está óptimo, não se preocupe. Vê-se que está bem cuidado.

Eu
- Muito bem, daqui a dez mil quilómetros eu passo por cá.

Mecânico
- É que nem calcula os assassinos que aqui vêm parar... olhe, aquele Golf, por exemplo, (aponta para um carro preto) está todo assassinado.

Eu
- Imagino...

Mecânico
- É de um miúdo, anda para aí a varrer rotundas, só gosta de acção. Desmancha o carro todo e no fim o avôzinho passa cá e paga a despesa.

Eu
- Antes assim, ao menos vai ganhando uns cobres à conta do piloto.

Mecânico
- Mas não é isso que está em causa. É que parte o carro todo e vai-se chegar a um ponto em que não há reparação possível. (Ah, a consciência do pirata que não suporta ver os barcos das presas a afundar, quando poderiam dar mais uma ou duas voltas...)

- Desta vez foi um eixo traseiro. A semana passada... (dirigindo-se para uma banca no canto da oficina) ...venha cá ver! (abre uma saca de plástico e espreito lá para dentro, onde jaz um ferro cilíndrico e comprido quebrado em dois) Que me diz?

Eu
Não pode ser!

Mecânico
Ai pode, pode!!!

Eu
Mas como é possível?

Mecânico
É tramado não é?

Eu
Como é que ele fez isto?

Mecânico
A varrer!

Eu
Mas isto não parte assim!

Mecânico
Pois não parte! Mas esta partiu.

Eu
Se não visse, não acreditava.

Mecânico
Nem eu. Mas é verdade.

Saí da oficina a pensar na tristeza de saber que mesmo vivendo mais duzentos anos, será impossível experimentar novamente o choque proporcionado pela visão de uma peça inquebrável afinal quebrada, da qual eu apenas sei que se situa dentro do automóvel, algures entre o pára-choques dianteiro e o pára-choques traseiro.

Festejos

Sendo republicano, é difícil para mim celebrar com a devida circunstância o Dia de Reis.