sábado, junho 23, 2007

Quanto vale a vida humana...

Há oito anos, numa véspera de S. João, apercebi-me o quanto vale a vida humana. De certo modo existe um fio de ironia na forma como, em ambiente tão festivo e popular, se conseguem observar as pequenas evidências filosóficas que norteiam a nossa parca existência. Este paleio parecia mesmo letras do J-P. Sartre.
À volta da rua onde eu morava existiam ilhas (para quem não sabe o que são, procurem num dicionário de urbanismo ou vão ao Porto e perguntem por lá o que é, menos na Câmara, porque eles dizem logo não existem) e por alturas do S. João reuniam-se os seus habitantes num animado bailarico ali defronte da maternidade Júlio Diniz. Era animação até às tantas.
Eu mais oito rapazes da casa tratamos de participar, até porque habitantes do distrito, não éramos estranhos àquela gente. E também era uma oportunidade para engatar as meninas da residência feminina vizinha que mais parecia uma congregação de freiras com recolher obrigatório às dez horas todos os dias, mas porque aquele dia era tão especial, elas tinham licença para sair até à meia-noite. E todos sabemos o que é uma mulher presa quando se apanha solta.
Iam-se embora as meninas, suadas de dançaricos e de outros folguedos, mas nós ficávamos; apontávamos então os canhões para o magote de velhas a cheirar a peixe e sardinhas e novas desdentadas com olhos de droga e passávamos a noite a dançar e a rir, entrecortando o bailado com vinho das tascas, sardinhas e cervejas.
Num deses intervalos, um dos nossos, entusiasmado com a festarola tão típica e genuína, chegou-se a uma daquelas roulottes e resolveu pagar uma rodada aos seus camaradas e aos restantes presentes
- Sai aí doze cervejas fresquinhas, qu'eu pago, caralho!
- Ah leão, dissemos nós, dando urros de alegrias.
Nisto, os três indivíduos que não pertenciam ao nosso grupo, de aspecto indizível e caras entremeadas de pólvora e fósforos, abeiram-se de nós, envolvem-nos com os braços apertados pelo pescoço e o principal deles atira
- Meus amigos, generosidade destas não se esquece; se um dia precisarem de alguma coisa, de apagar alguém, ou assim, estámos à vossa disposição. Basta chegar aqui e perguntar pelo (...)
A vida humana valia, à altura, uma cerveja; hoje, devido à correcção monetária e à subida das taxas de juro, vale um pack de seis.

sexta-feira, junho 01, 2007

A Suar Dinheiro

Interessante esta nova tendência das grandes marcas se associarem a atletas de alta competição para assim promoverem os seus serviços. Cristiano Ronaldo no BES. Também na banca anda o alpinista João Garcia. Já Nélson Évora (triplo- salto) e Nuno Merino (ginasta) fazem campanha por uma bebida energética. E lembram-se quando Francis Obikwelu acelerava no serviço 8 mb de internet para ser vencido por uma velhinha? E a Dora Gomes que fazia a publicidade a tampões OB? É que agora faz à Tampax!
Tudo oportunidades, mas existem falhanços. A Epilady falhou um autêntico Euromilhões ao não aproveitar o antes/ depois do bigode da Fernanda Ribeiro. E Vanessa Fernandes , a heroína do momento, ainda não foi repescada para o mundo do marketing desportivo. Mas não tarda muito que se veja um filmezinho na TV onde ela, depois de nadar, pedalar e correr cortará a meta e dirá, com aquele sorriso de arame:
"As pessoas perguntam-me como é que eu aguento as virilhas assadas de tanto andar por aí a correr em fato de banho. Respondo-lhes com Margarina Vaqueiro. Os assados saem sempre bem".