segunda-feira, abril 03, 2006

Clap Your Hands Say Yeah

Um dos sinais da ruptura da moralidade dos tempos actuais está bem patente na promiscuidade com que se encara a sexualidade. Tomemos este exemplo. No outro dia desloquei-me a uma discoteca da nossa praça, só porque os bares fecham às duas. Pedi no bar o habitual, vodka-porto, nunca gostei muito de italianos. Vinte e dois segundos depois já duas adolescentes pintadas como o Grito do Munch estavam encostadas a mim, bêbadas como pipas. Disse-me uma com voz arrastada: Dás-nos boleia para casa, antes que algum indivíduo de má índole nos trate mal?
Acedi. Sempre tive jeito para escoltar vacas à sala de abate. Viviam na periferia e lá as deixei, depois de me terem vomitado catorze vezes no carro. Insistiram muito para que entrasse para mais um copo e mais não sei o quê, mas já tinha bebido o suficiente e já me falta a paciência para jogos às quatro da madrugada.
Só depois de ter passado toda a manhã de domingo a lavar os estofos do carro é que me dei conta do perigo que as raparigas corriam. Imaginem que outra pessoa lhes dava boleia, alguém sem escrúpulos que se aproveitava da sua inocência ébria e as maltratava, digamos, sexualmente. É que uma vez na casa delas eu poderia fazer TUDO o que eu quisesse, e não seria certamente jogar monopólio se eu fosse um predador sexual.
Foi aí que me lembrei da campanha desenvolvida em Inglaterra para dissuadir os meninos de abusarem de meninas que não conseguem dizer que não a uma queca ao sábado à noite por estarem positivamente alcoolizadas. A campanha tem um slogan parecido com se não te disserem um SIM, poderás ter de dormir com este na próxima vez e aparece a fotografia de um senhor com ar amistoso deitado num beliche de uma cela de prisão, ou por outras palavras, copular com a menina sem ela tiver manifestado o acordo prévio partilhas o chilindró com um biltre.
Tudo muito certo, mas como é que um indivíduo consegue provar que a menina deu o aval ao acto? Porque quando uma mulher diz sim significa não e vice versa. A forma segura de não ter problemas póstumos coitais poderá passar por uma declaração escrita, de preferência reconhecida por um notário. E como é que se arranja um notário às cinco da manhã?
Os Estados modernos (entre os quais se conta a nossa portentosa nação) possuem notariado privado. Com esta campanha será possível observar na rica fauna nocturna que fronteia as discotecas a barraca do notário, bem ao lado da barraca dos cachorros. Neste sistema perfeito, basta aos jovens de moralidade promíscua andarem atentos e esperar que alguma menina bata palmas e diga sim.

5 comentários:

noasfalto disse...

Cada vez mais perigosos os nossos tempos. Não por experiência própria, mas antes pelo que observava na nuite, entendo que está próximo o fim da única oportunidade que muitos gajos tinham de abrir um par de pernas...
Um tema para continuar a discutir?

kiko disse...

É um mundo cão o que vivemos, este mesmo da cópula canina e da vontade de satisfazer vontades alheias (ou próprias) através da anuência a uma boleia! :D:D abraço

carlos alberto disse...

Bem dito Quiosk! Estou em perfeita consonância contigo.
Abraço.

Miguel de Terceleiros disse...

Andas para aí a esfregar-te com gajas?!
A levá-las a casa?!

Sem proveito?!

kiko disse...

É apedrejá-lo!