quarta-feira, abril 11, 2007

Steve

Ontem de manhã, trabalhava eu no gabinete quando comecei a ouvir um barulho ao qual não liguei muito até que me apercebi do seu produtor. Era um ratinho.
Convém explicar que presença de roedores nestas latitudes, ainda que não seja insólita, não é comum. Existe por estes lados uma verdadeira equipa de extreminadores, constituída pelo pessoal da manutenção e limpeza e pelos gatos que frequentemente se passeiam pelos terraços do edifício. Apesar de ter a envergadura do meu polegar, denota-se que este bicho é um sobrevivente. Tratei logo de o apanhar, antes que perecesse decapitado numa das múltiplas armadilhas-guilhotina espalhadas pelos recantos do edifício ou que comparecesse nas emboscadas dos gatos.

Aprisonar um rato vivo é uma arte. Carece de isco e armadilha e demais manhas, por isso armei-me de bolachas de sementes de sésamo e um tubo transparente para rolos de papel, colocando o isco junto ao fundo, com o tubo na posição de deitado. Como o invasor se havia barricado por detrás do armário, montei ali a tocaia; passados três minutos já se ouvia o rilhar da bolacha amplificado pela acústica do tubo. Steve McQueen estava na cela.

As senhoras da limpeza vão-se passar quando virem o Steve no T3 de acrílico que lhe comprei nos "chineses". Prometo que lhe darei comida, água e boa música ambiente; em troca ele dá-me a sensação de que estou no controlo de algo na minha vida. Ah! E pode utilizar a net à noite, quando eu por cá não estiver.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tadito.
Não sei como é que consegues dormir ao imaginar que lhe trocaste o dédalo libertador dos buraquinhos e corredores das entranhas do edifício, por uma Bracalândia de pacotilha! Ao menos compra-lhe na sexshop uma rata daquelas que chia!
E tem cuidado com a leptospirose.

noasfalto disse...

Qual Macguiver qual quê...
E eu que ando a gastar os parcos € em ratoeiras, que não sei se me dão alegria se tristeza.

Abraço