terça-feira, janeiro 06, 2009

Rezar pelo Terço não adiantou

Fui uma vez ao Cinema do Terço. Somente uma vez. Chegou.
Pergunto-me como é que consigo recordar essa ida, ainda para mais sendo tão distante e lembrando-me tão bem com quem fui, que filmes vi (porque foram logo dois) e quando os vi.
É preciso entender que no Porto ir ao cinema era como ir às Antas, ou ao Bessa, ou ao Salgueiros. Tempos do mítico Carlos Alberto, o Sá da Bandeira (fui lá duas ou três vezes, perseguindo meninas das tunas), o Charlot, no Brasília onde fui alguns pares de vezes), o Pedro Cem, na Júlio Dinis (o mais confortável de todos) ou o Auditório da Casa das Artes (dezenas) e mesmo o Nun’Alvarez (ver películas intragáveis com uma amiga, só por amor ao sexo dela, porque nem pensar em me meter no Estúdio Foco). E o roteiro dos cinemas no Porto era um roteiro do Porto.
O Porto é cinema, personagem / paisagem /estúdio, como portuense é Aniki Bobó e Manoel de Oliveira.
Voltando ao Terço...
Era Fantasporto (o Fantas, era uma época, como o Natal ou o S. João), o Fantas dos antigos, ainda nas salas à séria, no Rivoli e no Carlos Alberto, longíssimo dos chopingues, com toda a gente a tentar cravar passes ao Dorminsky, a passear-lhe o chaquete...
Bem, era Fantas e
combinámos ir ao Terço: je-moi e a J., namorada da altura - inteligente, intelectual até demais - mais as irmãs V. e B., inteligentíssimas - as minhas paixões secretas, mas à vez, que não tenho coragens (tomates, como diz a populaça) para ménages - e o grande C. - um cavalheiro à moda antiga, finíssimo, extraordinária companhia. O C. morava ao topo da Santa Catarina, ao Marquês, foi a primeira vez que galguei a pé a rua em todo o seu quilómetro e meio de comprimento.
E qual os filmes para esta arruaça intelectual? Psico, do Mestre, com abertura de uma pachachada qualquer sobre uma banda de rock n’ roll no Conservatório de Moscovo em plena União Soviética, anos 50. Fantástico a não poder mais.
Fica a curiosidade. O Cinema do Terço já foi a céu aberto. teria sido belíssimo assistir a um filme debaixo das estrelas. Hoje está a céu aberto, mas o filme é outro, alías bem comum aos restantes filmes que se vão fazem à volta dos cinemas velhos do Porto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois meu caro amigo,sou desse tempo, do CINEMA DO TERÇO ao ar livre. Pois que eu era educando interno (ou seja era um asilado, como se dizia nessa época), e assisti ao desastre que teve a dze de Maio do ano de 1963. Ajudei a reconstruir o cinema que durou até 30 de Abril de 2003. Fiz com muita dor o seu encerramento, pois que sou actualmente Director da Instituição (INSTITUTO PROFISSIONAL DO TERÇO),dono do cinema do Terço, que dá o nome ao cinema.
Actualmente, o cinema já foi arrasado, e vai ali no mesmo lugar, um parque de estacionamento e um PAVILHÃO DESPORTIVO, para garante da continuidade da Instituiçao, e das crianças que alberga e bem cuida, para que sejam os homens do amanhã.
Mais uma vez o INSTITUTO PROFISSIONAL DO TERÇO, vai abrir as portas aos portuenses, para se orgulharem do PAVILHÃO DESPORTIVO DO INSTITUTO PROFISSIONAL DO TERÇO, pois será assim designado.
Convido-o a visitar a Instituição, e mostro-lhe o que de melhor pode ver naquela casa, não o cinema do Terço, mas as crianças que a Instituição alberga, como estão felizes.
AFINAL VALEU A PENA REZAR PELO TERÇO. FAÇA-SE SÓCIO DA INSTITUIÇÃO, E AJUDE-NOS A AJUDAR CRIANÇAS QUE NÃO TÊM QUEM OS AJUDE.
OBRIGADO
José Maria Leitão - Secretário do Instituto Profissional do Terço.