Mas o que é que é isto de os humoristas portugueses quererem associar os momentos de intimidade (principalmente alusões à sedução ou até aos preliminares) às músicas do Barry White? É que lhe dão sempre com o Barry White! OK, a música presta-se a isso, mas nós também temos gajos com timbre ultra baixo em Portugal, olha, o Olavo Bilac, por exemplo (mesmo tom de voz e de pele). No outro dia era O Homem da Conspiração a ensinar o que fazer para convencer a tipa a abrir as pernas e BOING!, música do B.W. Há três dias foi no Contra Informação, onde um dos candidatos presidenciais lá metia um CD do B.W ao barulho aludindo à pré-cópula.
Eu não tenho andado a dar ao stick noutro planeta e sei que existe mais música dita sexy (é que nem se coloca a hipótese de eles andarem a ironizar com o homem). Os humoristas portugueses não perceberam que os humoristas americanos aludem ao Barry White por não reconhecerem qualidade sentimental às gaitadas do Kenny J, ou o estilo azeiteiro do Michael Bolton, pela mesma razão de eu não apreciar (é mais nem sequer admitir) música da Fafá de Belém ou do José Malhoa nos momentos alcovíticos. Por isso o Barry White é uma chavão americano para bandas sonoras da queca (eu até gosto do Lets Get It On).
Esmiucemos. Os programas acima referidos são duas criações conotadas com as Produções Fictícias, logo tem um selo de altíssima qualidade, por isso não é compreensível que haja sempre a referência ao B.W. É que o humor americano acaba por ser fácil de se fazer, se pensarmos que ironizar com uma sociedade daquelas só encontra obstáculos no “por onde é que eu vou pegar”. Começam-se a sentir os efeitos da criação circular que deriva da profunda dependência dos jovens portugueses para com a cultura americana, desde as calças de ganga, discos de carne picada grelhados e metidos em metades de pão (não conheço a palavra portuguesa para hambúrguer) e sim, na cultura comediante.
Há uma estreita relação entre as duas culturas, presente na opulência da oferta ao nível político. À semelhança dos EUA, existe em Portugal um grande incremento das más governações à produção comediante: a aparição de um ror de artistas nos últimos tempos é coincidente com o período que em História é conhecido por SLG/ PGD/QQSAF (Segunda Legislatura de Guterres/ Pseudo-Governo de Durão/ e o Que é Que o Santana Andou Mesmo a Fazer?).
Esta é uma das trombetas que anunciam o fim da comédia em português. Gil Vicente, Bocage, Eça de Queirós, Almada Negreiros, Vasco Santana, António Silva e Raul Solnado faziam comédia portuguesa e em português com temas portugueses. E sempre com elevadíssimo nível de qualidade. A cíclica ingestão governativa em Portugal provocou nos criadores de comédia o fenómeno da catadupa e muitos entraram em bloqueio criativo pelo manancial de temas que tem à disposição para abordar, à semelhança do que havia acontecido com os nossos hermanos americanos. Depois, foi fácil passar do bloqueio à perda da qualidade.
A face visível a olho nu e do espaço desta problemática é Herman José. É indiscutível que foi o melhor dos melhores: o Tal Canal, o Casino Royal, o Boião da Cultura, Herman Enciclopédia, enfim, até a Roda da Sorte; tudo pérolas de um humor 50% Benny Hill/ 50% Monty Python. Foi censurado por diversas vezes na televisão pública, mas passou à privada para apresentar (ou imitar muito mal o Tonight Show?) um programa de nudez parcial que vive à custa de um penteado loiro, de músicas populares alemãs, de um conjunto de actores cuja chama começa a apagar e do circo de monstros que ele lançou (Linda Reis, Alexandrino, etc).
Não obstante, surgiram alguns criadores que vão dando alegria à comédia, caso do Tochas, da tropa que andou muito no Levanta-te e Ri (um programa que tem um cabeça de cartaz que não chega à terra das unhas dos outros) e a equipa que produz para a Sic Radical, como o Balas e Bolinhos I & II, Ninja das Caldas e Produções Megera. Mas até isso está a mudar. Digite as palavras gatofedorento.blogspot.com na barra aí por cima e veja no que se tornaram os textos da melhor comédia: “Hoje, vai para o ar o oitavo episódio do Gato Fedorento com os sketches: "Agente faz pouco de condutor", "O Duelo", "Não faça trocadilhos com a minha profissão", "Estenógrafo apaixonado por teatro de revista", "Ninguém lamenta mais do que eu" e "Homem na bagageira"”. Pelo menos o Herman José ainda demorou vinte e cinco anos a acomodar-se.
Eu não tenho andado a dar ao stick noutro planeta e sei que existe mais música dita sexy (é que nem se coloca a hipótese de eles andarem a ironizar com o homem). Os humoristas portugueses não perceberam que os humoristas americanos aludem ao Barry White por não reconhecerem qualidade sentimental às gaitadas do Kenny J, ou o estilo azeiteiro do Michael Bolton, pela mesma razão de eu não apreciar (é mais nem sequer admitir) música da Fafá de Belém ou do José Malhoa nos momentos alcovíticos. Por isso o Barry White é uma chavão americano para bandas sonoras da queca (eu até gosto do Lets Get It On).
Esmiucemos. Os programas acima referidos são duas criações conotadas com as Produções Fictícias, logo tem um selo de altíssima qualidade, por isso não é compreensível que haja sempre a referência ao B.W. É que o humor americano acaba por ser fácil de se fazer, se pensarmos que ironizar com uma sociedade daquelas só encontra obstáculos no “por onde é que eu vou pegar”. Começam-se a sentir os efeitos da criação circular que deriva da profunda dependência dos jovens portugueses para com a cultura americana, desde as calças de ganga, discos de carne picada grelhados e metidos em metades de pão (não conheço a palavra portuguesa para hambúrguer) e sim, na cultura comediante.
Há uma estreita relação entre as duas culturas, presente na opulência da oferta ao nível político. À semelhança dos EUA, existe em Portugal um grande incremento das más governações à produção comediante: a aparição de um ror de artistas nos últimos tempos é coincidente com o período que em História é conhecido por SLG/ PGD/QQSAF (Segunda Legislatura de Guterres/ Pseudo-Governo de Durão/ e o Que é Que o Santana Andou Mesmo a Fazer?).
Esta é uma das trombetas que anunciam o fim da comédia em português. Gil Vicente, Bocage, Eça de Queirós, Almada Negreiros, Vasco Santana, António Silva e Raul Solnado faziam comédia portuguesa e em português com temas portugueses. E sempre com elevadíssimo nível de qualidade. A cíclica ingestão governativa em Portugal provocou nos criadores de comédia o fenómeno da catadupa e muitos entraram em bloqueio criativo pelo manancial de temas que tem à disposição para abordar, à semelhança do que havia acontecido com os nossos hermanos americanos. Depois, foi fácil passar do bloqueio à perda da qualidade.
A face visível a olho nu e do espaço desta problemática é Herman José. É indiscutível que foi o melhor dos melhores: o Tal Canal, o Casino Royal, o Boião da Cultura, Herman Enciclopédia, enfim, até a Roda da Sorte; tudo pérolas de um humor 50% Benny Hill/ 50% Monty Python. Foi censurado por diversas vezes na televisão pública, mas passou à privada para apresentar (ou imitar muito mal o Tonight Show?) um programa de nudez parcial que vive à custa de um penteado loiro, de músicas populares alemãs, de um conjunto de actores cuja chama começa a apagar e do circo de monstros que ele lançou (Linda Reis, Alexandrino, etc).
Não obstante, surgiram alguns criadores que vão dando alegria à comédia, caso do Tochas, da tropa que andou muito no Levanta-te e Ri (um programa que tem um cabeça de cartaz que não chega à terra das unhas dos outros) e a equipa que produz para a Sic Radical, como o Balas e Bolinhos I & II, Ninja das Caldas e Produções Megera. Mas até isso está a mudar. Digite as palavras gatofedorento.blogspot.com na barra aí por cima e veja no que se tornaram os textos da melhor comédia: “Hoje, vai para o ar o oitavo episódio do Gato Fedorento com os sketches: "Agente faz pouco de condutor", "O Duelo", "Não faça trocadilhos com a minha profissão", "Estenógrafo apaixonado por teatro de revista", "Ninguém lamenta mais do que eu" e "Homem na bagageira"”. Pelo menos o Herman José ainda demorou vinte e cinco anos a acomodar-se.
Por isso as referências musicais na comédia deverão ser revistas, excluindo-se os romantismos em detrimento da música fúnebre com cavalos enfeitados com plumas negras a abrir o cortejo, de modo a impedir-se que a população portuguesa procrie e assista ao declínio precoce da sua juventude. Pode ser um Requiem, mas sem dó maior.
C.
3 comentários:
Já não é só de politicos novos que precisamos. Também os comediantes estão a precisar de ser diferentes...
Mudam-se os tempos, mudam-se a comédia...já dizia a minha avozinha.
Tenho uuma ideia: e se fizessemos uma série com uma família que bem conhecemos com os dois irmãos mais velhos a fazer stand up nas cabeceiras ao jantar?!
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