sexta-feira, fevereiro 17, 2006

As Joaninhas e os Gatinhos

Querem saber que emprego é melhor que o de crítico de cinema (actividade extenuante em que alguém é pago para ver filmes)? É ser produtor dos programas do canal do momento, destinado ao público da faixa etária 0-3 anos, senhores e senhores, o babytv da foxlive. Para quem nunca viu, aquilo é só iiiiiihhh’s, uuuaaahhhh’s e tudo muito colorido e lento. Dois minutos e doze segundos de visionamento e tem-se a sensação de que se está a aspirar o subproduto da combustão de uma lareira a queimar ganza.
Mas aquilo que me dá a volta à cabeça são as razões para haver um canal deste tipo. A matemática é simples: a publicidade constitui o grosso da receita na perspectiva de quantos mais virem o canal, mais se ganha. Se assim é, que tipo de publicidade pode aliciar miúdos dos 0 aos 3 anos? Que é que eles poderão querer comprar? Ainda por cima com a agravante de eles ainda não dominarem a arte da chantagem emocional com adultos em tão provetas idades para poderem exigir através de fezes/ gritos/ choradeiras/ vomitado (riscar o que não interessa) a roca/ leite/ fralda/ monica belluci para ama (não é preciso riscar, já se sabe o que interessava).
Aqui entra a teoriazita. Um programa que lá bate certinho é o dos teletubies. É educativo, com enredo e polémico. Porque, aparentemente, o tal teletubie de cor violácea parece ser lóló. Igualzinho aos filmes porno. Eu não quero parecer homofóbico, mas eu tenho a certeza que se colocar um dvd dos teletubies de trás para a frente num gira-discos a setenta e oito rotações, ouve-se distintamente as letras g-a-y-p-o-w-e-r. Um programa para esse canal poderia ser, obedecendo à prerrogativa dos guiões com cor, lentidão, barulhinhos e alguma polémica, aquele da vida selvagem com as joaninhas a foder. Porque de pequenino ...

No outro dia tive um sonho estranho. Estava não sei onde, talvez numa festa de despedida de empresa; saí mais cedo da festa e, no caminho para a rua, dei de caras com um tipo que parecia o Drogba do Chelsea, todo vestido às cores e cabelos rastafari meios tapados pela tradicional touca tricolor. Veio em direcção a mim e abraçou-me com aquela naturalidade dos jamaicanos que são amigos de toda a gente (apesar de ele ser côteivoirense - os meus sonhos são transfronteiriços). Disse-me qualquer coisa como tudo-em-cima-má-méne. Quando voltei as costas distingui entre as sebes da propriedade dois pequenos vultos, dois gatos: um deles todo preto com a testa coberta com o mapa de África terçado a verde, amarelo e vermelho; o outro parecia que tinha vestido uma camisa havaiana. Lembro-me de ter sorrido para os gatos e eles sorrirem para mim.
Para provar que não sou homofóbico, eu não fiquei preocupado por ter sonhado com o Drogba, mas sim, por causa dos dois gatos coloridos e sorridentes. É que se juntarmos isto aos caldos de ganza e substituindo-se por cogumelos, a única história que tem gatos a rir é alice no país das maravilhas do lewis carrol e toda a gente sabe que esse livrinho tresanda a homossexualidade.

1 comentário:

noasfalto disse...

Ninguém te manda fumar merdas estranhas!