sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Sem Papas na Língua

Quarta-Feira, 21 de Fevereiro. Acordei às 7h30 com a sensação de que nunca mais eram 19h45. Ainda de manhã deparei-me com um comentário ao chamado Sistema Alberto do editorial do DN, rematado num jeitoso marcador É preciso ter testículos, escrita de P.P. Mascarenhas.

Já à noitinha, antes de me deleitar com a presença de M. Rebelo de Sousa no Late Night with Conan O’Brien, apanhei outra vez o Prazer dos Diabos. Mais uma vez fui aos arames quando Adelaide de Sousa percebeu o significado do verso da música Great Balls o’ Fire do Jerry Lee Lewis. Aconteceu isto após José Pina ter dito que Alberto João Jardim “teve testículos” ao lançar a tremenda jogada política que foi demitir-se do Governo Regional da Madeira.

Um dos acordes mais afinados da partitura existencialista é a demanda do Homem da catarse, da expiação, da purga do espírito. Numa época em toda a gente está apostada a abrir as chakras do verbalismo tantas vezes truncada pelo movimento politicamente correcto, é de louvar quem almeja esses estados catárticos. O palavrão, enquanto termo solitário e sonoro ou incluído em fluente caudal compósito (os celebrados tomates do Padre Inácio, por exemplo) surge como purgante das angústias que martelam o peito e turvam o discurso.

Voltando aos testículos, quando se escreve assim nesses termos, querendo exprimir, mas calando, tem-se medo do quê, ao certo? De sujar as mãos no teclado? De sujar a boquinha? Testículos pode-se usar, mas tomates já não? Como é possível permutar e castrar o sentido de uma frase tão significativa por uma mariquice politicamente correcta?

Ó senhores. Ao invés de se porem com trejeitos que murmuram “é preciso ter testículos”, limpem a alma e bradem alto “É preciso ter tomates”.

Caralho!

3 comentários:

josé cunha-oliveira disse...

apoiado.
uma achegazinha: "tomates" é, ainda, de certo modo, um eufemismo. o que é realmente preciso é ter "colhões"! e, já agora, "tê-los no sítio"...

hmscroius disse...

Eu poderia ter entrado na problemática dos colhões, ou como se diz cá pela terra, quilhões, mas isso são outras catarses.

Anónimo disse...

É. Quilhões é para quem tem cieiro!...