Sendo a minha individualidade uma figura de proa de uma certa sociedade dedicada à perspectivação conceptual, tenho sido frequentemente acossado pela problemática em torno da figura Paladino não-sei-do-quê. Como o nome indica, o Paladino não-sei-do-quê dedica-se à defesa intransigente de causas. Quais causas? Todas as causas. O Paladino não-sei-do-quê difere dos outros paladinos por ser aquele indivíduo que toma como sua a bandeira das causas díspares.
A imagem primeira que temos do Paladino é a do cavaleiro andante, um justiceiro nómada, iconograficamente representado por indivíduo a cavalo, amiúdamente ladeado ou secundado pelo seu escudeiro, já que não consegue apertar as fivelas do bacinete sozinho (um bacinete é armadura, só que em francês). O mais conhecido será o trinómio Quixote&Rocinante&Sancho Pança, ainda que muitos não concordem com o mau exemplo de um paladino com alucinações (o vinho da Mancha tem muito grau e a continuidade monótona daquela paisagem aconselha o belo trago com frequência).
O Paladino não-sei-do-quê é, antes de mais, um indivíduo com tendência à solidão e desempregado, porque para se abraçar a carreira de paladino de todas as causas é preciso ter imenso tempo livre. O difícil é discernir se o ócio concorre para o desenvolvimento da patologia e não o amor solidário que move esta classe, à semelhança da gorda maioria do advogados portugueses que, despretensiosamente e repudiando possíveis compensações financeiras, aceitam representar qualquer litigância desde que o combate esteja assegurado. Em relação directa, o Paladino não-sei-do-quê recebe com frequência o epíteto de advogado do diabo, apesar de representar os interesses da religião. Por isso, este Paladino é controverso.
Exemplo do Paladino não-sei-do-quê é o hacker sagaz e sabe onde se escondem todas as mensagens subliminares: a palavra Echelom suscita-lhe o sorriso malicioso do tipo cúmplice. Faz downloads 24h/dia e vende dvd’s piratas só para o imperialismo não lucrar com a globalização, porque tem consciência antiglobal. É teórico acérrimo da conspiração e como todos os teóricos conspiradores, é ambientalista. Defende a pés juntos que “Cavaco Silva foi assassinado por um insecto intergalático que depois vestiu a sua pele, à semelhança do sucedido no MIB-I. Daí o candidato de direita ter aquele viso inexpressivo de olhos encovados que quando é confrontado com questões onde se mencionam fugazmente as palavras Lopes, fricção política e Santana, se limita a escancarar a boca, como quem tem filamentos de presunto entre os dentes do siso”. Ao mesmo tempo denuncia que “Mário Soares assassinou um verme intergalático e vestiu-lhe a pele, daí apresentar uma derme constituída por uma sequência de ondulados à la michelin e responder sempre bah! quando o questionam sobre o seu terceiro lugar nas sondagens”.
Ao abraçar o cursus honorum de campeão de todas as causas, o Paladino não-sei-do-quê não só levantou o cu do ócio, mas tornou-se na massa de que nascem os diplomatas e os políticos, i.é, é uma soma de negativo e positivo, mais e menos, ac/dc, equilíbrio de forças desiquilibradas, simultaneamente Paulo e Miguel Portas, é Francisco e é Louçã. È inimigo do leão e amigo da onça. É e não é.
O costume levar-me-ia ao encerramento desta crónica com uma tirada pseudo-inteligente em que a partir da reflexão inicial era produzida uma jocosa e laboriosa construção semântica onde a significância extrapolaria o significado; mas tal não farei, porque apesar de tudo, o Paladino não-sei-do-quê tem de ter alguém que o defenda.
A imagem primeira que temos do Paladino é a do cavaleiro andante, um justiceiro nómada, iconograficamente representado por indivíduo a cavalo, amiúdamente ladeado ou secundado pelo seu escudeiro, já que não consegue apertar as fivelas do bacinete sozinho (um bacinete é armadura, só que em francês). O mais conhecido será o trinómio Quixote&Rocinante&Sancho Pança, ainda que muitos não concordem com o mau exemplo de um paladino com alucinações (o vinho da Mancha tem muito grau e a continuidade monótona daquela paisagem aconselha o belo trago com frequência).
O Paladino não-sei-do-quê é, antes de mais, um indivíduo com tendência à solidão e desempregado, porque para se abraçar a carreira de paladino de todas as causas é preciso ter imenso tempo livre. O difícil é discernir se o ócio concorre para o desenvolvimento da patologia e não o amor solidário que move esta classe, à semelhança da gorda maioria do advogados portugueses que, despretensiosamente e repudiando possíveis compensações financeiras, aceitam representar qualquer litigância desde que o combate esteja assegurado. Em relação directa, o Paladino não-sei-do-quê recebe com frequência o epíteto de advogado do diabo, apesar de representar os interesses da religião. Por isso, este Paladino é controverso.
Exemplo do Paladino não-sei-do-quê é o hacker sagaz e sabe onde se escondem todas as mensagens subliminares: a palavra Echelom suscita-lhe o sorriso malicioso do tipo cúmplice. Faz downloads 24h/dia e vende dvd’s piratas só para o imperialismo não lucrar com a globalização, porque tem consciência antiglobal. É teórico acérrimo da conspiração e como todos os teóricos conspiradores, é ambientalista. Defende a pés juntos que “Cavaco Silva foi assassinado por um insecto intergalático que depois vestiu a sua pele, à semelhança do sucedido no MIB-I. Daí o candidato de direita ter aquele viso inexpressivo de olhos encovados que quando é confrontado com questões onde se mencionam fugazmente as palavras Lopes, fricção política e Santana, se limita a escancarar a boca, como quem tem filamentos de presunto entre os dentes do siso”. Ao mesmo tempo denuncia que “Mário Soares assassinou um verme intergalático e vestiu-lhe a pele, daí apresentar uma derme constituída por uma sequência de ondulados à la michelin e responder sempre bah! quando o questionam sobre o seu terceiro lugar nas sondagens”.
Ao abraçar o cursus honorum de campeão de todas as causas, o Paladino não-sei-do-quê não só levantou o cu do ócio, mas tornou-se na massa de que nascem os diplomatas e os políticos, i.é, é uma soma de negativo e positivo, mais e menos, ac/dc, equilíbrio de forças desiquilibradas, simultaneamente Paulo e Miguel Portas, é Francisco e é Louçã. È inimigo do leão e amigo da onça. É e não é.
O costume levar-me-ia ao encerramento desta crónica com uma tirada pseudo-inteligente em que a partir da reflexão inicial era produzida uma jocosa e laboriosa construção semântica onde a significância extrapolaria o significado; mas tal não farei, porque apesar de tudo, o Paladino não-sei-do-quê tem de ter alguém que o defenda.
El C.
2 comentários:
Então sem tirada final hem???
Abraço
Com que então o Soares assassinou um verme intergaláctico?!!!! Interessante... Muita coisa está explicada!
Abraço
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