Ah, a transição entre a infância e a adolescência. Que belas recordações dos tempos em que o Dr. Croivs vivia excitado 24 sobre 24, época de ouro, em que até as calcinhas da Mónica e da Magali (sim aquelas com aquele fino debruado de renda a aparecer por debaixo do vestidinho, respectivamente vermelho e amarelo) eram postas ao serviço da descoberta da virilidade. Foi com surpresa que o Dr. Croivs reviveu aquele período da sua existência quando acompanhou o aparecimento no canal RTP Memória de uma série crucial de sua infância, Os Amigos de Gaspar. Acompanhou com deleite o notável desempenho daquelas marionetas desengonçadas, as tropelias do sempre boquiaberto Gaspar, das ursidades do Farturas, os trejeitos rotativos daquele repolho com olhos chamado Manjerico (sóio móio tóio póio gaspáio), a amizade paternalista da Lina e as ocorrências estapafúrdias do Guarda Seródio, o guarda do parque com xotaque de vijeue, entre outros.
Senhores, aquilo sim, eram tempos. O Dr. Croivs recorda agora séries de culto com baixo índice de violência como A Árvore dos Patafúrdios, verdadeiro manifesto anarquista em que toda a passarada queria mandar no pinheiro, mas ninguém detinha o poder (ainda para mais com a música do inconfundível apolítico Sérgio Godinho); a pachachada futurista japonesa pós inverno nuclear conhecida como Conan, o Rapaz do Futuro, uma espécie híbrida de Incrível Hulk e Heidi que andou 73 episódios à procura do avô que no final se revela ser o Frankenstein; ou o Era uma Vez no Espaço (depois repetido à exaustão por outras Era Uma Vez: A Vida e Era Uma Vez: O Homem) com a música do genérico mais espectacular alguma vez lavrada e cantada pelo imortal Paulo de Carvalho, música que se tornou, para o Dr. Croivs o E Depois do Adeus das séries juvenis (Lá em cima/ há planícies sem fim/ há cometas, que parecem correr/ há o Sol e a vida a nascer/ vou-vos contar uma história/ Era uma vez no Espaço/Lálálálálálá – Por favor, alguém me diga onde posso adquirir uma cópia).
E que dizer da Volta ao Mundo em 80 dias com a qualidade animal da mesma produtora espanhola que depois assinou essa glória maior chamado D’Artacão e os Três Moscãoteiros? Tudo para lembrar, com os olhos toldados por um nevoeiro fininho e nostalgias peludas no peito, que naquele tempo é que era. E o Verano Azul? Que saudades daquele genérico assobiado, enquanto a trupe de adolescentes montados nas suas biclas rebocavam o gordinho Piranha. Ah, Patti, foste (nunca havia sido dito) o primeiro amor televisivo do Dr. Croivs! Bateste aos pontos a Princesa Leia. E o Chanquete, o velho filósofo existencialista metido a Sartre que vivia naquele barco naufragado na praia? Liiiiiiiiiiiiindo. E quando apareceu aquele gajo parecido com o Sandokan, que toda a gente pensava que ele era um ladrão, mas no fim ele salva a Laura de morrer afogada? E não era ladrão, era fugitivo de uma clínica de saúde mental! Oh, como diz a Maria de Vasconcelos, é Maravilhoso!!!! É por estas e as outras que os espanhóis têm a Zara, El Corte Inglês e a ETA e nós só temos os Morangos com Açúcar e o Tino de Rãs*.
Ainda no outro dia ao passar por Castela, o Dr. Croivs folheou uma das revistas Del Corazón e lá havia uma reportagem sobre o puto (que agora já não o é), o Piranha que, qual Drew Barrimore depois do sucesso/ abandono sequente ao ET, se meteu fundo nas dependências. Isto remete as equações do Dr. Croivs para outro nível: o que será feito de Gaspar e seus amigos? Será que eles têm vivências opostas ao sonhado pela nossa infância? Conjecturemos.
O Gaspar era um tipo atinado. Talvez tenha seguido uma carreira séria, estilo advogado. Bem, algo mais sério que advogado. Talvez juiz ou médico. Ou não e agora está a arrumar carros no estacionamento do Hospital S. João. Entre as entradas e saídas no Porto Feliz (plano do Rui Rio para retirar os arrumadores/ toxicodependentes das ruas, aliás, reconhecido por todos como um sucesso transcendente), limpa uns auto-rádios na zona da Alfândega para pagar a dose p’ra ele mais o Manjerico. Este, das duas, uma: ou anda enterradinho com o amiguinho Gaspáio na branca ou atinou cedo, licenciando-se em Terapia da Fala. Neste caso deixou aqueles tiques ora à esquerda, ora à direita, para incluir acenos acima e abaixo, estilo compasso quaternário.
O Farturas, essa instituição de inteligência, essa sumidade bacôca, tirou Engenharia, é claro. Mascôto como ele era, só poderia ser Engenheiro Civil nas obras do Metro. Quanto à Lina, bem ela era boa moça, do tipo mãe solteira aos 17; provavelmente tirou o 12º à noite, com três filhos pequenos; depois licenciou-se em Educação de Infância e agora é a Educadora Adelina no Infantário da Pasteleira, ali mesmo ao pé de Serralves, onde desfruta da Arte Contemporânea e dos jardins, com os seus filhos adolescentes e bons alunos.
E o Guarda Seródio, fiscal intransigente do Jardim? Nem tudo é miséria no Porto, senhores. O Guarda Seródio reformou-se com a patente de Chefe, «eventualmente e inopinadamente ao cabo de 4 anos de cherbicho entre a juventude prevaricadora e contestatária das normas inerentes ao bom funchionamento do jardim ao qual prejidia». Agora abriga os dois gatos que vadiavam pelo jardim e vive da pensão vitalícia, alternando a existência entre a alimentação de pombos com migalhas de pão da véspera com as suecadas na companhia mal-cheirosa de outros aposentados da Função Pública. Rapou o farfalhudo bigode para parecer mais novo.
E Você, tem-los visto?
Senhores, aquilo sim, eram tempos. O Dr. Croivs recorda agora séries de culto com baixo índice de violência como A Árvore dos Patafúrdios, verdadeiro manifesto anarquista em que toda a passarada queria mandar no pinheiro, mas ninguém detinha o poder (ainda para mais com a música do inconfundível apolítico Sérgio Godinho); a pachachada futurista japonesa pós inverno nuclear conhecida como Conan, o Rapaz do Futuro, uma espécie híbrida de Incrível Hulk e Heidi que andou 73 episódios à procura do avô que no final se revela ser o Frankenstein; ou o Era uma Vez no Espaço (depois repetido à exaustão por outras Era Uma Vez: A Vida e Era Uma Vez: O Homem) com a música do genérico mais espectacular alguma vez lavrada e cantada pelo imortal Paulo de Carvalho, música que se tornou, para o Dr. Croivs o E Depois do Adeus das séries juvenis (Lá em cima/ há planícies sem fim/ há cometas, que parecem correr/ há o Sol e a vida a nascer/ vou-vos contar uma história/ Era uma vez no Espaço/Lálálálálálá – Por favor, alguém me diga onde posso adquirir uma cópia).
E que dizer da Volta ao Mundo em 80 dias com a qualidade animal da mesma produtora espanhola que depois assinou essa glória maior chamado D’Artacão e os Três Moscãoteiros? Tudo para lembrar, com os olhos toldados por um nevoeiro fininho e nostalgias peludas no peito, que naquele tempo é que era. E o Verano Azul? Que saudades daquele genérico assobiado, enquanto a trupe de adolescentes montados nas suas biclas rebocavam o gordinho Piranha. Ah, Patti, foste (nunca havia sido dito) o primeiro amor televisivo do Dr. Croivs! Bateste aos pontos a Princesa Leia. E o Chanquete, o velho filósofo existencialista metido a Sartre que vivia naquele barco naufragado na praia? Liiiiiiiiiiiiindo. E quando apareceu aquele gajo parecido com o Sandokan, que toda a gente pensava que ele era um ladrão, mas no fim ele salva a Laura de morrer afogada? E não era ladrão, era fugitivo de uma clínica de saúde mental! Oh, como diz a Maria de Vasconcelos, é Maravilhoso!!!! É por estas e as outras que os espanhóis têm a Zara, El Corte Inglês e a ETA e nós só temos os Morangos com Açúcar e o Tino de Rãs*.
Ainda no outro dia ao passar por Castela, o Dr. Croivs folheou uma das revistas Del Corazón e lá havia uma reportagem sobre o puto (que agora já não o é), o Piranha que, qual Drew Barrimore depois do sucesso/ abandono sequente ao ET, se meteu fundo nas dependências. Isto remete as equações do Dr. Croivs para outro nível: o que será feito de Gaspar e seus amigos? Será que eles têm vivências opostas ao sonhado pela nossa infância? Conjecturemos.
O Gaspar era um tipo atinado. Talvez tenha seguido uma carreira séria, estilo advogado. Bem, algo mais sério que advogado. Talvez juiz ou médico. Ou não e agora está a arrumar carros no estacionamento do Hospital S. João. Entre as entradas e saídas no Porto Feliz (plano do Rui Rio para retirar os arrumadores/ toxicodependentes das ruas, aliás, reconhecido por todos como um sucesso transcendente), limpa uns auto-rádios na zona da Alfândega para pagar a dose p’ra ele mais o Manjerico. Este, das duas, uma: ou anda enterradinho com o amiguinho Gaspáio na branca ou atinou cedo, licenciando-se em Terapia da Fala. Neste caso deixou aqueles tiques ora à esquerda, ora à direita, para incluir acenos acima e abaixo, estilo compasso quaternário.
O Farturas, essa instituição de inteligência, essa sumidade bacôca, tirou Engenharia, é claro. Mascôto como ele era, só poderia ser Engenheiro Civil nas obras do Metro. Quanto à Lina, bem ela era boa moça, do tipo mãe solteira aos 17; provavelmente tirou o 12º à noite, com três filhos pequenos; depois licenciou-se em Educação de Infância e agora é a Educadora Adelina no Infantário da Pasteleira, ali mesmo ao pé de Serralves, onde desfruta da Arte Contemporânea e dos jardins, com os seus filhos adolescentes e bons alunos.
E o Guarda Seródio, fiscal intransigente do Jardim? Nem tudo é miséria no Porto, senhores. O Guarda Seródio reformou-se com a patente de Chefe, «eventualmente e inopinadamente ao cabo de 4 anos de cherbicho entre a juventude prevaricadora e contestatária das normas inerentes ao bom funchionamento do jardim ao qual prejidia». Agora abriga os dois gatos que vadiavam pelo jardim e vive da pensão vitalícia, alternando a existência entre a alimentação de pombos com migalhas de pão da véspera com as suecadas na companhia mal-cheirosa de outros aposentados da Função Pública. Rapou o farfalhudo bigode para parecer mais novo.
E Você, tem-los visto?
Dr. C
* Aqui é clara a inclusão de um terrorista português, porque não sabemos onde anda o Manuel Subtil, o perigoso raptor de wc’s da RTP.
7 comentários:
Que saudades caro Dr!Frequentemente me lembro dessas e doutras séries e fico saudoso e com a mão na minha barriga de cerveja, digo altivamente aos mais novos "isso não é do vosso tempo".
Bonito post...fez-me recordar um pouco da minha dita infância (ou algo do género).
terceleiros e manannan: a infância é como o natal: só passa quando o homem quer e a mulher deixa.
E as fábulas da Floresta Verde... essa grande instituição que me fez o que sou hoje... um esquilo branco gorduchito!!! :D Abraço
Atento às tuas "memórias" lembrei-me dos tempos de puto,pequeno como era, e das incursões que faziamos pelo monte. Para mim tudo era novidade e aventura pelo que a expectativa pela próxima era grande.
E aquelas tardes passadas a ver tv enquanto o calor apertava e as máquinas de pedais descansavam na sombra?
Sem dúvida alguma pertencem os melhores tempos da minha vida.
Eu com o "Marco" acabava sempre a chorar de tristeza. "Vais embora mamã, ñ me deixes aqui...". Ainda dizem q as nossas séries ñ eram violnetas! Os realizadores do Marco traumatizaram-me!!!
podes ver no misteriojuvenil.com e sobretudo no youtubes desde tom sawyer a cité d'or bem só nao encontro o manjerico mas como vivo no estranjeiro é nice gozar outros com o hilariante osoiopoiotoio.
Tenho saudades do memorial colectivo
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